O QUE CARACTERIZA A ANOREXIA NERVOSA?
- Psicóloga Maria Cristina S. Araujo
- 22 de fev.
- 6 min de leitura
Atualizado: 4 de abr.
O que é, sintomas, causas e como buscar ajuda

Quando perder peso vem além da saúde, o viver se torna um fardo difícil de carregar."Maria Cristina S. Araujo
O que é anorexia?
Anorexia é um transtorno alimentar no qual existe um medo intenso de ganhar peso. Esse medo leva a comportamentos extremos para manter-se magro, colocando a saúde e a vida em risco.
A imagem corporal também se torna distorcida. Assim, a pessoa se observa com barriga saliente, braços largos, rosto inchado, enquanto os outros veem o contrário.
Essa pessoa se enxerga acima do peso mesmo que esteja 15% abaixo do ideal corporal para manter sua saúde.
A anorexia nervosa é também um transtorno que se caracteriza pela perda de peso consideravelmente perigosa.
A perda de peso ocorre por meio de abstenção de alimentos ou por comportamentos que facilitam a eliminação dos mesmos: exercício físico exagerado, purgação, uso de anorexígenos ou diuréticos.
Os transtornos alimentares afetam uma grande parte da população em todo o mundo, principalmente os adolescentes, em especial do sexo feminino, muitas vezes influenciados por padrões estéticos impostos pela sociedade.
Tipos de anorexia:
Anorexia Purgativa: A pessoa induz vômito ou usa laxantes e diuréticos para evitar o ganho de peso.
Anorexia Restritiva: A pessoa reduz drasticamente a ingestão de alimentos e pode desenvolver comportamentos obsessivo-compulsivos.
Qual é a diferença entre bulimia e anorexia?
Na anorexia, a pessoa come pouco e perde peso de forma extrema. Na bulimia, há episódios de compulsão alimentar seguidos de métodos compensatórios, como vômito induzido, mas a perda de peso costuma ser menor.
Algumas pessoas com anorexia também apresentam episódios bulímicos, alternando longos períodos de jejum com compulsões seguidas de purgação.
Sintomas da anorexia nervosa

Medo excessivo de ganhar peso:
Evitação de alimentos e restrição severa;
Excesso de exercícios físicos para compensar calorias ingeridas;
O sujeito observa sua imagem corporal extremamente maior do que realmente é (distorção);
Não considera as consequências da perda de peso;
Recusa em buscar tratamento, mesmo diante de alertas de amigos e familiares.
Com o peso abaixo do esperado, o indivíduo fica cada vez mais magro, e não consegue enxergar o que se passa consigo.
Apesar de receber críticas de que está muito magro, ele inicialmente não acredita que tenha nada de errado com isso, além do fato de se ver "enorme" frente ao espelho. Geralmente há recusa inicial em procurar tratamento.
Pessoas com anorexia podem ficar longos períodos sem ingerir alimentos, colocando em risco a própria vida.
Com o tempo, o quadro pode se agravar, levando a complicações graves.
Causas da anorexia

As causas da anorexia nervosa são complexas e podem envolver fatores genéticos, psicológicos e socioculturais, como:
Genética e fatores hormonais: histórico familiar pode aumentar o risco;
Fator social: valorização da imagem magra na cultura, interações sociais e pressões do meio;
Eventos traumáticos: situações marcantes na vida podem desencadear o quadro;
Fator psicológico: ansiedade direcionada a aparência, valorização da apresentação física frente aos outros, imagem corporal distorcida...
Quem está mais vulnerável à anorexia?
Embora, a anorexia seja menos comum que a bulimia, ainda assim, pode ser vista em todas as classes sociais. Contudo, as mulheres da classe média e alta são as mais atingidas.
O problema pode surgir ainda na adolescência, embora outras fases também possam apresentá-la.
Muitos casos começam com dietas que aparentemente não chamam atenção, mas que com o passar do tempo evoluem para graves quadros anoréticos.
Impacto da cultura na anorexia
No decorrer dos tempos, ser magro vem sendo bem visto, mesmo que dentro desse padrão a massa corporal esteja inferior ao que a Organização Mundial da Saúde recomenda se ter para uma vida mais saudável.
Ser belo nos dias atuais é representado por um corpo magro como símbolo da elegância, luxo e sofisticação.
Porém, nessa bagagem que muitas vezes é reforçada pelos meios de comunicação, se passa a ideia de que um sujeito não pode ser ele mesmo. Pois, para se encaixar dentro de um padrão é preciso mudar - emagrecendo muito.
Diante desta difícil realidade, temos pessoas que gozam de boa saúde e beleza, contudo, insatisfeitas com os próprios corpos. Elas tentam alcançar um modelo pré-estabelecido de "corpo perfeito", assim, introjetam ideias e pensamentos de fora para dentro de si, os seguem com rigor e sem refletir.
Entretanto, o corpo tem os seus limites, podendo acontecer os transtornos alimentares.
Se você está passando por momentos assim entre em contato e agende terapia presencial em São Paulo/Capital ou terapia online para brasileiros no exterior ou em outras localidades.
Consequências da anorexia nervosa

Alguns fatores importantes na anorexia
Quando se é muito jovem a falta de nutrientes pode comprometer o desenvolvimento. Mas de forma geral, o indivíduo pode apresentar:
Comprometimento do crescimento e desenvolvimento (em adolescentes);
Alterações cardiovasculares, como pressão baixa e frequência cardíaca reduzida;
Desnutrição severa, levando à perda de gordura e massa muscular;
Alterações hormonais, causando interrupção da menstruação;
Fragilidade óssea e muscular;
Queda de cabelo e unhas quebradiças;
Problemas gastrointestinais, como constipação crônica;
Aumento do risco de depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
Risco de morte, seja por complicações físicas ou suicídio.
Os transtornos alimentares são responsáveis pelo aumento das taxas de mortalidade e morbidade pelo mundo, além de ocasionar danos psicológicos, sociais e biológicos.
Algumas pessoas apresentam também transtornos de ansiedade, depressão. A ansiedade e a angústia podem tomar conta, pois geralmente estão aliadas ao medo de ganhar peso. A pessoa com anorexia pode ainda desenvolver rituais (transtorno obsessivo-compulsivo – TOC).
O risco de vida existe na anorexia
A taxa de mortalidade pode variar (cerca de 5%) devido a questões cardiovasculares, hidroeletrolíticas, metabólicas e endocrinológicas.
O risco de suicídio é elevado, seguindo taxas de 12 por 100.000 por ano (segundo o DSM V).
Impacto emocional e psicológico
Depressão e ansiedade são comuns em quem sofre do transtorno;
Isolamento social por vergonha ou medo do julgamento alheio;
Obsessão com a alimentação e o peso, afetando a qualidade de vida.
O sofrimento escondido na anorexia nervosa
As pessoas que estão em volta de alguém que sofre com anorexia geralmente não entendem porque o sujeito se comporta de tal modo. Algumas chegam a criticar severamente ele, porque não encontram razões que justifiquem isso, outras tentam fazer com que se alimente a força.
Não é difícil observar muitas dessas pessoas que sofrem do quadro de anorexia guardando apenas para si o problema. Temendo críticas, elas se afastam do convívio social.
Quem sofre de anorexia se sente julgado, incompreendido e triste.
Se não é fácil conviver com as consequências de estar passando por um momento destes, imagine vivenciar isso sem nenhum apoio?
A família pode acompanhar mais de perto o comportamento desta pessoa. Procurando incentivá-la a comer de forma regular, ouvindo-a, tentando acolher e sendo muito paciente. Nervosismo costuma não adiantar nestas horas.
Tais pessoas sentem vergonha do seu estado, e é muito difícil para elas se abrirem para contar o que está acontecendo.
É compreensível o desespero dos mais próximos, mas o que cada um precisa entender é que a anorexia não se resume a "força de vontade", mas trata-se de uma complexidade psicológica que necessita de intervenção profissional.
Se você tem um parente que está passando por transtorno alimentar entre em contato agende terapia presencial em São Paulo/Capital ou terapia online para brasileiros no exterior ou em outras localidades.
Como tratar a anorexia

O tratamento da anorexia nervosa envolve múltiplas abordagens, pois o transtorno afeta tanto a mente quanto o corpo:
Acompanhamento médico – Essencial para tratar a desnutrição e evitar complicações físicas;
Psicoterapia – Fundamental para trabalhar a autoimagem, emoções e gatilhos psicológicos;
Apoio familiar – Parentes e amigos devem agir com paciência e incentivo ao tratamento.
Geralmente são os familiares que conduzem o ente querido a procurar ajuda profissional para anorexia, porque ele muitas vezes nega o problema e não percebe o risco que corre.
Quando esse indivíduo vai sozinho procurar um tratamento é geralmente ocasionado pela angústia, causada pelas sequelas somáticas.
Caso envolva risco a vida, onde a reposição de proteínas se torna extremamente necessária, a internação deve ser feita, mesmo sem o consentimento da pessoa que sofre com a anorexia.
A psicoterapia também é importante para que a pessoa faça contato com a própria ansiedade e outras questões existenciais.
Também é interessante que com a terapia ela possa ir reavaliando os próprios conteúdos introjetados, vindo a questioná-los se "realmente são efetivos em sua vida", principalmente sobre a questão da imagem...
Com o tratamento em andamento aos poucos a pessoa vai se dando conta dos próprios comportamentos que até então fazia sem perceber, e assim vai construindo uma nova história.
Após passar pela anorexia muitas das pessoas não encontram uma explicação lógica para o que faziam. Mas enquanto estavam passando pelo problema também não viam um jeito de viver diferente e de como sair dele.
O primeiro passo para a recuperação é reconhecer que há um problema. O tratamento deve envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos e médicos, para garantir tanto a saúde física quanto o bem-estar emocional.
Se você ou alguém próximo está passando por isso, procure ajuda profissional. Marque uma consulta e dê o primeiro passo para sua recuperação.
Maria Cristina S. Araujo
Psicóloga em São Paulo - 06/108.975
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